Como anda o amor?
Caminhando na calçada, passos lentos, me vi pensando numa pergunta: como anda o amor?
Quero dizer, o amor, aquele que dava frio na barriga e que nos tirava o sono.
Aquele que era reforçado ao sentir o perfume da mulher amada ou ao ouvir aquela música que marcou um dos tantos encontros. O tal do amor que a gente descobre quando menos espera e curte à toda enquanto ele vive.
Alguns vivem por tempo determinado e outros vão por uma vida inteira. Amor com conteúdo.
É isso. Conteúdo. Muitos falam que nos dias de hoje o amor anda meio abandonado, deixado no canto da sala, ao lado do violão.
Discordo: pelo que tenho visto, muita gente se ama e leva um relacionamento pra frente com base na amizade, no sentimento, no respeito e na determinação.
Na verdade, o amor nunca morre. Ele pode mudar de alvo e pode chegar o dia em que um destes alvos te pega.
Te pega mesmo. Derruba qualquer noção de bom senso na cabeça do cidadão (ou da cidadã) e faz com que a razão perca para a emoção.
No fim, é isto: amar e sofrer por este amor é perder a razão e deixar a emoção em primeiro plano.
Alguns psicólogos defendem que não devemos sofrer por amor. Pergunto: será que eles amam alguém?
Difícil amar sem sofrer, sem curtir aquela fossa, sem saber que fim levou a moça dos sonhos?
Quando você menos espera, um silêncio acompanha o vazio que fica depois que o amor vai embora.
Ou depois que ela lhe deixa. Os anos passam e muitos amores não terminam. Se fortalecem, amadurecem, criam cascas contra briguinhas desnecessárias e contra intrigas que sempre aparecem. O amor adulto, sereno, tranquilo e verdadeiro somente une pessoas.
Amores da adolescência também marcam muito. Alguns passam como brisa e outros pegam como marcas.
Marcas que ficam. Ficam e sempre são lembradas. Às vezes com saudade, às vezes com dor.
Aí, ainda na calçada, chego à conclusão que o amor está vivo. Vivo e fazendo parte de vidas de centenas de pessoas.
Que mesmo que corram o dia todo, à noite sempre tem um tempo para um cafuné, um abraço, um beijo demorado, mas sentido.
O mundo pode se transformar ainda mais mil vezes, mas o sentimento do ser humano dificilmente mudará.
Amemos, pois.