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O filho longe – parte 2


Passadas as festas de final de ano, o trabalho reiniciou e lá foi ele correndo pra baixo e pra cima, dando conta de centenas de coisas para fazer.


Oito horas por dia eram pouco para dar conta, mas ele dava.


E à noite, sozinho no apartamento companheiro de muitos momentos vividos, alegres e silenciosos.


A carta que ele havia enviado para a mãe não teve resposta, mesmo com a confissão feita no final do papel. Quê fazer?, pensou ele.


Esperar. Não tocar mais no assunto, levar a vida em frente.


A história do passado ainda dominava seus pensamentos nos momentos de solidão, mas a vida seguia.


Flashes da cena vivida ainda em casa, faziam com que ele tivesse um suor frio, acompanhado de um sentimento de raiva que não era superior ao sentimento de saudade.


Na época, ainda na cidade natal, ele foi convidado a ir embora, considerando aquilo um ato de expulsão de sua própria casa, mas a situação ficou insustentável e ele não sabia o que fazer. Mesmo com dor, limpou as lágrimas que escorriam e seguiu viagem.


Deixar a casa, a família, os amigos não era tão fácil assim, mas era o que se apresentava como solução.


No dia a dia da cidade grande, a cabeça rodava somente no trabalho, deixando a noite para uma cerveja, banho e cama.


Sem muitos amigos, a vida seguia sempre no mesmo compasso. Acordar, trabalhar, retornar. Uma vez ou outra, um chopp com dois amigos do trabalho e só. Nada de contato com companheira de trabalho, nada de namorada, nada de aventuras.


Quando a vontade apertava muito, uma casa suspeita da rua detrás do escritório era a salvação. Pagava o cachê, passava seus momentos e pronto. Um táxi e já estava em casa, sem compromissos com ninguém.


Mas a vontade de voltar para a cidade natal, rever amigos(poucos) e esclarecer o assunto era maior do que a vontade de esquecer.


Na empresa, negociou férias e foi para a rodoviária comprar a passagem. No guichê, pensou duas vezes, analisou, mas comprou o bilhete para sua cidade natal. Estava decidido: ele ia mesmo. Já era hora de esclarecer o assunto da gravidez da irmã e deixar tudo em panos limpos. Até por uma questão de salvar seu nome, que ficou envolvido no assunto como se ele fosse o pai do futuro sobrinho.


No dia do embarque, ajeitou suas coisas, partiu para a rodoviária, aguardou um pouco e embarcou.


O ônibus seguia a estrada igual com o dia terminando com um sol fraco. Cenas de campo, estrada conhecida, trevos e mais trevos.


E ele decidido a seguir em frente. Reto. A 600 quilômetros de distância.


Entre uma curva e outra, ele adormeceu na confortável poltrona do ônibus que ainda cheirava a novo.


Ao acordar, estaria novamente passando pela rodoviária de sua cidade natal. A mesma que viu ele partir anos atrás, mal falado e criticado pela família que ele adorava.


Mas antes, um sono relaxante. Depois, a história seria outra. E na sua cabeça, ele já tinha tudo planejado em como fazer e como agir.


Mas isto, era para quando chegasse e acordasse.


E o ônibus foi......

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