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Amor que se tem por mãe é sempre maior do que qualquer outro tipo de amor



Quando ele olhou para o relógio os ponteiros marcavam 03 horas da manhã.


O silêncio mortal da rua e da cidade fazia com que ele ainda andasse de um lado para o outro, pitando e pensando em como começar. Na mesa da sala, uma folha em branco e uma caneta estavam ao lado do cinzeiro, já cheio de bitucas consumidas. No vai e vem da sala, ele coçou a cabeça, olhou pela janela, respirou fundo, apagou o cigarro e sentou na cadeira que tantas vezes segurou seu corpo cansado.


A folha em branco olhava para ele à espera de algumas palavras que confortassem alguém ou trouxesse um pouco de esperança, alegria, paz, sentimento para a pessoa que ele deveria escrever a carta.


Aí ele pensou: “nunca escrevi uma carta para minha mãe...”


A cabeça girava em busca de um começo, em busca de um conteúdo, em busca de algo que a mãe pudesse ler e saber que seu filho havia escrito aquela carta.


“Querida mãe...” começou ele. A concentração aparecera e ele iniciara a carta em tom sério.


“ Daqui desta cidade tão longe do nosso ninho, escrevo para você às vésperas do natal.


Mais um natal longe de casa, mais um natal sozinho neste apartamento que me viu em tantas situações diferentes.


Espero que você esteja bem, mãe querida....” aí ele parou e coçou a cabeça: mãe querida?


Será que ela entenderia o que significava aquilo? Nos últimos 10 anos nem um telefonema, nem uma visita, nem uma palavra com o filho.


Mas ele achava que sim. Pegou a caneta e continuou...” sabe mãe.... a gente falou pouco ultimamente, mas tenho pensando muito em você.


Mesmo com a correria do meu trabalho pela região, sei que você ainda lembra de mim, de nossos momentos vividos, de nossa festa quando assava um porco no natal e o pai ficava se gabando do tempero, que era teu.


Ainda lembro, mãe, do cheirinho do café das 5 da tarde no bule e no coador que sempre ficavam esperando os filhos, o pai, a vizinha Dolores e quem mais chegasse para uma prosa. O café até hoje tenho saudades. Faço por aqui, mas não fica igual ao teu.


Mãe....eu te desejo neste final de ano, um natal de paz, de amor, de sentimentos oriundos do coração, de um abraço fraterno em todos e de um sorriso aberto para mim. Desde o dia em que sai de casa, a coisa que mais lembro é do teu sorriso.


Então, quero que ele se faça presente neste final de ano. Teu sorriso é uma delícia, mãe querida.


E na noite de natal, sou capaz de ligar. Não sei se você vai atender, mas vou ligar.


De minha parte, nada tenho a lhe dizer quanto ao que aconteceu 10 anos atrás, mas uma coisa eu juro: não fui eu quem fez aquilo. Não fui eu mesmo, mãe.


Em todo o caso, mando esta carta com muita saudade, com uma dor no peito enorme, com um vazio de um filho que não tem a mãe para abraçar e nem a palavra de apoio de sempre para orientar.


Você faz falta, mãe. E quando chega o natal, a dor aumenta, a solidão domina, o vazio cresce e enche a sala.


No momento em que você receber esta carta, ao menos saiba que meu amor por você é muito grande e que jamais eu faria o que você disse que eu fiz. Também não posso contar quem fez, mas não fui eu, mãe.”


Aqui ele já estava com os olhos cheios de lágrimas, o cigarro queimando no cinzeiro e a emoção tomando conta de seus dedos e de sua cabeça.


Amor que se tem por mãe é sempre maior do que qualquer outro tipo de amor. Mas com esta distância e um assunto mal esclarecido, o amor mistura com a dor e a coisa segue errada como começou.


Ele retomou a carta:


“feliz natal, mãe querida. Dá um abraço nos manos e na mana. Quem aparecer por aí, diz que estou bem e lidando por aqui.


Qualquer dia destes eu apareço, assim que vier o seu perdão.


Te amo, mãe. Aliás, sempre amei.


Um beijo do filho que te admira.


P.S.: não fui eu quem engravidou a Marisa. Ela te conta quem foi. Mas não fui eu. Eu juro. Jamais faria isto com minha irmã. Que Deus a abençoe.


E a carta foi.......




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