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Nunca vou te deixar...


O silêncio da sala já dava sinais do que estava por vir....mais uma noite em claro e ele lá, pensando e olhando para um ponto fixo do céu estrelado. Nas ruas, nenhuma alma caminhava abaixo do frio de dois graus.

No som, ligado baixinho, rodava o CD da Marisa Monte, cantando Bem que se quis..... e como ele quis.

O silêncio das noites em claro estava se tornando uma constante para aquele homem que agora vivia só.

De um lado para o outro dentro do apartamento, sua agonia só aumentava, a cada passo que ele dava, de meias ou de pantufas.

Os porta-retratos com as fotos dela ainda eram um tormento, um lamento, um raro momento de lembranças que machucavam a alma.

E ele assim vivia. Corria durante o dia, se amargurava durante a noite, cambaleava no horário do almoço, olhava e não via nada.

Desde que ela partira a vida havia apresentado mudanças radicais.

Sozinho, sem nenhum parente, sem amigos do peito, ele escrevia textos e mais textos, ouvia centenas de CDs e tudo remetia à lembrança dela.

Mas ela estava ausente.

Completando três meses da ausência dela, ele achava que podia resistir, levantar a cabeça e levar a vida em frente.

Qual o quê.........era mais difícil do que ele pensava. Mas mesmo assim, ele estava aguentando. Difícil, mas estava.

Abriu uma velha caixa de sapatos, amarelada pelo tempo e releu todas as cartas que ela havia escrito para ele.

Cartas misturadas com e-mails impressos e cópias de bilhetes amassados, mas recuperados.

O amor tinha sido presença constante na vida do casal, embalado pela parceria de vida que nasceu entre os dois.

Onde estava um, estava o outro. A dupla do bem, da alegria, da parceria, do companheirismo.

O sofá vazio provocava uma dor aguda no peito, mas a realidade ainda o mantinha com os pés no chão.

Na caixa de sapatos, um bilhete dizia: “nunca vou te deixar...” e uma marca de batom acompanhava o fim do guardanapo.

E ela deixou. Partiu depois de momentos de silêncio entre ambos. Partiu depois de lágrimas trocadas e toques de mão que selaram um grande amor.

Partiu depois que o médico disse que nada mais poderia ser feito. Era esperar.

E ele esperou, ao lado dela. Até a manhã em que ele acordou e ela não.

Terminava alí uma história de amor, respeito e convivência.

Começava alí, uma estrada de agonia e dor para ele.

E no porta retrato da foto do casamento dos dois, uma frase: o que Deus uniu, o homem não separa.

Com isso, ele seguiu em frente mais dois anos, até que a depressão tomou conta e a fraqueza se instalou no corpo já combalido.

Ao morrer, deixou uma carta para a amiga do trabalho e ela divulgou para todos.

Morria um solitário, morria um homem só.

Mas na verdade, estava indo ao encontro da sua amada, pois ele sabia que na outra vida, na outra etapa, ela estaria lá.

Com isso, aguentou o que pode.

E deixou na carta para a amiga, vários ensinamentos.

O principal: amar vale a pena.

Mesmo que provoque dores depois.

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